Metodologias Ativas - Quais são (de fato) estas abordagens?

Metodologias Ativas - Quais são (de fato) estas abordagens?

A favor dos educadores curiosos a respeito das ditas Metodologias Ativas está o crescente desenvolvimento de ferramentas que podem tornar o aprendizado mais colaborativo e interessante.

Existe uma necessidade cada vez maior de que o professor consiga que seus alunos obtenham bons resultados quantitativos e desenvolvam habilidades, competências e atitudes importantes para lidar com o mundo atual. E isso influencia diretamente a maneira que muitos de nós, professores, queremos ensinar.
Fonte citação: PORVIR - https://porvir.org/por-que-e-para-que-tantas-metodologias/

Quando nós professores vamos a congressos e seminários, muitas vezes somos apresentados a uma nova metodologia como sendo a solução para os problemas da educação. Algumas dessas abordagens ou processos, na verdade, existem há muito tempo. Atualmente, a grande promessa é que metodologias ativas, como são conhecidas, tragam importantes vantagens aos processos de ensino e aprendizagem, como a ampliação da autonomia, escuta da voz do estudante, escolha, engajamento, capacidade de síntese  e empatia. A busca pelas metodologias ativas surgiu como reação ao sentimento constante e uníssono de que temos uma crise na educação.  A pandemia que nos assolou em 2020 apresentou às escolas um desafio monumental. Os modelos que escolas escolheram implementar e as dificuldades enfrentadas ficaram muito perceptíveis pelas famílias – mera transferência do modelo precário de instrução para o meio digital, aulas-palestras sequenciais, baixo letramento digital dos docentes e dos alunos e diversos problemas de acesso democrático à internet.  Felizmente, nós, seres humanos, de forma geral, buscamos apoio durante as crises. E isso é o que está acontecendo globalmente. Professores e instituições têm apoiado uns aos outros para avançar com o repertório pedagógico, socializar e refletir sobre práticas e processos.  A  favor dos educadores curiosos a respeito das ditas Metodologias Ativas está o crescente desenvolvimento de ferramentas que podem tornar o aprendizado mais colaborativo e interessante. O Google Workspace, por exemplo,  inclui aplicativos de produtividade e colaboração que mais e mais educadores conhecem, utilizam e adoram: Documentos, Planilhas, Apresentações, Jamboard, Meet. Aprendemos, durante a pandemia, que nossas escolas não estão limitadas ao espaço físico e que precisamos promover o uso de ferramentas (como as do Google, por exemplo) que favoreçam a implementação de uma abordagem mais ativa. 

Mas, o que são mesmo as Metodologias Ativas?

Percebe-se na literatura que o termo Metodologia Ativa é, na verdade, um termo guarda-chuva que abarca diversas abordagens, processos e protocolos. Segundo José Moran, Metodologias Ativas “envolvem os alunos em atividades cada vez mais complexas e estimula a tomada de decisões e avaliação dos resultados, com apoio de materiais relevantes“.   Algumas das inúmeras abordagens que estariam abaixo desse termo guarda-chuva Metodologias Ativas seriam: Abordagem STEAM (Science, Technology, Engineering, Arts, Mathematics), Aprendizagem Centrada no Fazer (Maker-Centered Learning – MCL), Aprendizagem Criativa (AC), Aprendizagem Baseada em Projetos (Project-Based Learning – PBL). entre muitas outras. A lista é extensa e estas abordagens são, muitas vezes,  aclamadas por professores que não aceitam trabalhar com o modelo do aluno pen-drive (Educação Bancária, segundo Paulo Freire), onde o aluno é colocado no papel de espectador e precisa memorizar fórmulas e conceitos alheios às suas necessidades e interesses.  Para facilitar o estudo, podemos equiparar o termo Metodologias Ativas ao conceito de Aprendizagem Baseada na Investigação (Inquiry Based Learning – IBL). Ambos se baseiam na investigação, promovendo o envolvimento, a curiosidade e a experimentação. Em vez de serem “instruídos”, os alunos têm autonomia para explorar assuntos, fazendo perguntas e encontrando, ou criando, soluções. Os dois termos não representam conjuntos rígidos de regras e diretrizes, mas uma filosofia da educação.

clique para ampliarclique para ampliarKids services flat concept with boy during steam education process vector illustration (Foto: macrovector)

Abordagens mais detalhadas (algumas até com rígidas diretrizes) como PBL, se popularizaram exponencialmente no cenário educacional atual. Todas têm vantagens e muitas apresentam interseções com as demais e contribuem para o desenvolvimento emocional e intelectual dos estudantes. Mas, todos estes termos juntos podem gerar muita confusão, tornando-se, na verdade, uma confusa e indigesta sopa de letrinhas.

Esta confusão tende a aumentar quando as instituições que se apropriam dessas metodologias o fazem sem investir em programas educacionais continuados. A implementação pode ter pouco ou nenhum impacto. O recém lançado relatório do Fórum Econômico Mundial, aponta a necessidade de promovermos a Alfabetização de Futuros (Futures Literacy) – a capacidade de usar a consciência ampliada de possíveis futuros, para tomar decisões e ações no presente. Este dado demonstra que as escolas precisam estimular capacidades cada vez mais complexas. Para isso, precisamos definitivamente ir além da sopa de letrinhas e construir uma compreensão sólida de quais são as abordagens e processos que incentivam as ditas Metodologias Ativas e as condições necessárias para uma bem sucedida implementação.

Quais são as abordagens e processos que facilitam a implementação das Metodologias Ativas?

  • ABORDAGEM STEAM é uma abordagem educacional para a aprendizagem que usa Ciência, Tecnologia, Engenharia, Artes e Matemática como pontos de acesso para orientar a investigação, o diálogo e o pensamento crítico do aluno.

  • APRENDIZAGEM CENTRADA NO FAZER (MAKER) é uma abordagem educacional para a aprendizagem que promove atividades experienciais como ponto de partida para orientar a investigação intencional, o desenvolvimento de capacidades, habilidades (cognitivas, digitais e manuais) para que alunos sejam agentes de mudança na comunidade local e possivelmente global.

  • APRENDIZAGEM BASEADA EM PROJETOS (PBL) Aprendizagem baseada em projetos é um método de ensino no qual os alunos adquirem conhecimento e habilidades trabalhando por um longo período de tempo para investigar e responder a uma questão, problema ou desafio autêntico, envolvente e complexo.

  • APRENDIZAGEM CRIATIVA (a “abordagem do jardim de infância para aprendizagem ”) é caracterizada por um ciclo em espiral de Imaginar, Criar, Brincar, Compartilhar, Refletir e Voltar a Imaginar. Os alunos projetam novas tecnologias que encorajam e apoiam a aprendizagem no estilo Jardim de Infância.

Quando uma escola adota uma abordagem, fica nítida a importância de formação continuada. Somente assim teremos o  conhecimento pedagógico necessário para saber planejar e conduzir as aulas sem precisar de planos prontos. No entanto, o dia a dia de qualquer professor no tempo atual é, no mínimo, desafiador. Olhar o que já foi escrito e aplicado como fonte de inspiração e trazer os fundamentos para nossa comunidade escolar coletivamente pode ser a grande solução que precisamos.

Bibliografia:

Sobre Aprendizagem baseada na investigação:

https://www.edutopia.org/video/inquiry-based-learning-teacher-guided-student-driven

Sobre Aprendizagem baseada em Projetos:

https://porvir.org/aprendizagem-baseada-em-projetos/

Sobre Aprendizagem Criativa:

https://web.media.mit.edu/~mres/papers/kindergarten-learning-approach.pdf

Sobre Aprendizagem baseada no Fazer:

https://pz.harvard.edu/projects/agency-by-design

Sobre Aprendizagem Criativa:

>https://lcl.media.mit.edu/weeks/week1/

Sobre a abordagem STEAM:

https://artsintegration.com/what-is-steam-education-in-k-12-schools/

Sobre formações continuadas  de coordenadores, professores e alunos para trabalhar com metodologias ativas, com currículos mais flexíveis e inversão de processos:

http://www2.eca.usp.br/moran/wp-content/uploads/2013/12/mudando_moran.pdf

Sobre STEAM

https://porvir.org/por-que-e-para-que-tantas-metodologias/

Sarah - Maker, 28/Out/2024