O movimento maker já está presente há mais de uma década nos Estados Unidos, com fortes alusões às aulas de artes industriais, artes tradicionais e educação progressiva, porém com foco importante nas soft skills, tais como colaboração, resolução de problemas, compartilhamento, aprendizado conjunto, experimentação e processos iterativos. A ressurgência do “fazer” no cenário da educação prova-se singular em vários sentidos. Aplicar essa abordagem tão nova ao ensino requer pesquisa aprofundada e desenvolvimento de melhores práticas.
Essa ressurgência do “fazer” motivou o Project Zero, um centro de pesquisa na Escola de Pós-Graduação da Universidade de Harvard, a conduzir um projeto de pesquisa de três anos chamado Agency by Design (AbD). O objetivo era responder às seguintes questões: qual o potencial? O que as pessoas poderiam aprender de forma única? Como se configura o “fazer” em escolas? A pesquisa identificou três capacidades fundamentais intrínsecas do aprendizado centrado no fazer (maker-centered learning) que podem ser ensinadas: observar de perto, explorar a complexidade e identificar oportunidades. Com essas capacidades em mente, e com o objetivo de elevar e dar força ao aprendizado centrado no fazer na sala de aula, o projeto AbD desenvolveu quatro rotinas de pensamento que visam empoderar os alunos para que percebam, redesenhem e reinventem as dimensões do mundo.
De forma similar, a nova Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é estruturada com base no desenvolvimento de competências disposicionais que os alunos devem adquirir ao longo da Educação Básica. Os alunos são motivados a não somente aprender conteúdo, mas a desenvolver as habilidades e as atitudes para utilizar o que aprenderam com o objetivo de resolver desafios. Baixe as 10 Competências Gerais da BNCC na Visão de um Maker aqui.
Fonte: Redesign por TuneEduc, com informações do Porvir.
Se observarmos o conceito do aprendizado centrado no fazer (em construção, segundo o AbD), vermos que temos benefícios de aprendizagem primários e secundários. Os benefícios primários para o aluno estão relacionados com o desenvolvimento do protagonismo (tomar a iniciativa de “fazer” coisas que são significativas para si e para sua comunidade) e o desenvolvimento do seu caráter (desenvolver competências e o sentimento de “eu consigo”e construir uma postura de pensamento crítico, percebida como benéfica de maneira transversal). Como benefícios secundários temos o cultivo de competências e habilidades específicas, tanto do próprio fazer, como também dos componentes curriculares trabalhados.
Com base nessa visão conseguimos olhar para as competências gerais da BNCC e traçar seu paralelo com o aprendizado pelo fazer, verificando a estreita relação de ambos.
Texto: Daniela Lyra | Arte: Fabrício Freire
Sarah - Maker, 18/Set/2024